Em 1843, Dr. Peste descobriu o colapso de alguns ossos semilunares em dissecções de cadáver. EM 1910, Dr. Robert Kienböck, médico radiologista austríaco, descobriu as alterações radiográficas da necrose avascular do osso semilunar, descrevendo-as como lunatomalácia, e acabou dando “nome” (epônimo) à doença.
A correlação entre fraturas agudas do osso semilunar e a necrose avascular do osso não é clara. Algumas doenças estão relacionadas à maior incidência de Moléstia de Kienböck, como lúpus eritematoso sistêmico (LES), esclerodermia, anemia falciforme e uso crônico de corticóides. A causa mais provável da doença é multifatorial e ainda não está bem esclarecida.
Há controvérsia, também, quanto ao comprimento do rádio em relação à ulna e na inclincação ulnar do rádio de frente. Há alguma evidência de que pacientes com ulna minus e com inclincação diminuída do rádio tenham uma chance maior de ter moléstica de Kienböck, devido ao aumento da pressão sobre o osso semilunar nestes pacientes.
Quadro Clínico
Dor na região do punho, com perda de mobilidade (rigidez), perdad e força de preensão, em pacientes jovens, mão dominante, principalmente homens.
Ao exame físico, há dor dorsal sobre o semilunar, com aumento de volume do no punho (dado a inflamação intra-articular).
Exames complementares
Radiografias: método mais comum de avaliação, tem pouca sensibilidade no início da doença. Pode-se ver esclerose (semilunar mais “branco”), fragmentação e até artrose.
Ressonância Magnética: método mais sensível e específico. Ótimo para avaliação nos estágios iniciais, quando as radiografias ainda são negativas e para estágios avançados, para avaliar a qualidade da cartilagem articular.
Cintolografia: mostra sinais de aumento de captação no início da doença. Muito menos utilizada nos dias atuais devido à qualidade da ressonância magnética.
Classificação
Apesar de descrita por Sthal, é conhecida pelo epônimo Litchmann, que a modificou em 1977, baseada em imagens radiográficas, com os seguintes estágios:
I-radiografias normais ou com fratura linear de compressão.
II-Esclerose do osso semilunar, com ou sem fraturas do osso. Não há alteração da forma e tamanho.
III- Divida em A e B. No subestágio A: há fragmentação e encurtamento do semilunar, sem ateração do carpo. No subestágio B: além da fragmentação do carpo há migração proximal do capitato e flexão do escafoide (ângulo escafolunar maior do que 60 graus).
IV- Além do estágio 3B, há degeneração da cartilagem articular.
A classificação que mais utilizo nos dias atuais é a artroscópica de Bain e Begg (2006). Pelo envolvimento degenerativo da cartilagem articular, ela dita quais procedimentos podemos realizar para melhorar a dor e força do paciente.
Tratamento
Para pacientes sem lesões articulares, com estágios I, II e IIIA, podemos realizar osteotomia de encurtamento do rádio (para pacientes com ulna minus), osteotomia de encurtamento do capitato, enxertos ósseos vascularizados dorsais e artrodess parcias do carpo.
Para o estágio IIIB, pode-se realizar a ressecção da fileira proximal do carpo, artrodeses paricias do punho (escafocapitato e tri-escafo).
Estágio IV: em alguns raros pacientes, pode-se realizar a ressecção da fileira proximal do carpo. Mas, a maioria irá necessitar de artrodese total do punho, devido à destruição articular e perda de mobilidade do punho.
Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio
Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia