Este é um dos assuntos mais desafiadores no dia-a-dia do consultório.
É considerada a “lombalgia”, o “zumbido” da cirurgia da mão.
Primeiro, temos que explicar que a dor ulnar é aquela que ocorre no punho do lado onde fica o dedo mínimo. Pode ser bem medial, ou pode ser um pouco mais palmar ou dorsal.
Nesta região, a parte distal da ulna, conhecida como “cabeça”, vai articular com a fossa sigmóide (articulação mais medial) do rádio. Há ligamentos entre o rádio e ulna e entre a parte palmar e dorsal da ulna e os ossos do carpo.
Há, especialmente, um complexo ligamentar chamado: complexo da fibrocartilagem triangular. Este é o principal estabilizador da articulação rádio-ulnar distal (Arud).
Os ligamentos rádio-ulnares volares e dorais se originam na borda do rádio e se direcionam para a base (componentes profundos) e ápice (superficiais) do estilóide ulnar. A parte palmar destes ligamentos fica tensa quando colocamos a palma da mão para cima, enquanto que a dorsal fica tensa quando posicionamos a mão para baixo.
A forma da articulação também é importante na estabilidade. Entretanto, a parte da concavidade da fossa sigmóide no rádio tem um raio muito maior do que a da convexidade da cabeça da ulna. Além da rotação de uma parte sobre a outra, acontece uma translação durante o movimento de pronossupinação (colocar a palma da mão para baixo e para cima).
Há dois estabilizadores dinâmicos secundários muito importantes para a Arud. O pronador quadrado (músculo que fica na região distal palmar entre o rádio e a ulna) e o extensor ulnar do carpo (tendão que compõe o sexto compartimento extensor). Acredita-se que o assoalho do sexto compartimento seja de extrema importância para a estabilidade da Arud.
Os pacientes com dores nesta região já podem ter alterações degenerativas na articulação entre o rádio e a ulna. O nome conhecido para esta degeneração é artrose, ou “desgaste”. A reabilitação de qualquer outra lesão da região fica muito dificultada caso a articulação já esteja desgastada.
Observando estas possibilidades, o ex-presidente da Federação Internacional para as Sociedades de Cirurgia da Mão (IFSSH) Marc Garcia-Elias criou um algoritmo conhecido como trevo de 4 folhas. (figura)
Há possibilidade de que uma alteração aconteça isoladamente ou simultaneamente com uma ou mais das restantes. Todas devem ser tratadas, concomitantemente, em busca do melhor resultado para o paciente. Utilizar o algoritmo evita que o médico ou terapeuta se percam durante o tratamento.
Vamos procurar, portanto, por: deformidades da articulação rádio-ulnar distal (congênitas ou adquiridas), lesão do complexo da fibrocartilagem triangular, tendinite do extensor ulnar do carpo ou do assoalho do sexto compartimento extensor, alterações degenerativas e pela síndrome do impacto ulno-carpal.
Cada uma destas alterações será abordada em sua própria matéria, oportunamente.
É fundamental que não se esqueça de investigar e tratar todas estas alterações, a fim de se conseguir restabelecer a função dos pacientes.
Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio
Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia