Como publicado no artigo sobre compressão dos nervos periféricos: as síndromes compressivas dos nervos periféricos ocorrem em locais pré-determinados, com a disfunção de um nervo em decorrência de alterações da sua irrigação/ vascularização. Isto quer dizer que falta oxigênio e outros nutrientes para o funcionamento correto do nervo.
Na síndrome do desfiladeiro torácico o plexo braquial (nome dado à conjunção de nervos que saem das raízes cervicais C5, C6, C7, C8 e T1) é comprimido na região cervical, infraclavicular ou axila.
A artéria e veia que acompanham o plexo braquial podem estar comprimidas junto dos nervos ou serem o principal motivo dos sintomas.
Diagnóstico
Há uma enormidade de sintomas que podem caracterizar a síndrome do desfiladeiro torácico. Variam desde sintomas leves, inespecíficos e esporádicos até incapacidade, anestesia ou hipoestesia e perda de mobilidade.
Sintomas comuns são: parestesia (formigamento/ dormência) noturna, aumento da sudorese nas mãos e edema (principalmente quando há compressão venosa).
O exame físico deve ser minucioso e inclui testes específicos como: Adson, Roos e Wright, dentre outros.
A lista de exames complementares é enorme: radiografias cervicais (à procura de vértebras cervicais) e radiografia de tórax, ressonância magnética da coluna cervical e/ou plexo braquial, ultrassonografias, angioressonância, angiotomografia, eletroneuromiografia e angiografias.
Locais de compressão
Como escrito no primeiro parágrafo deste texto: as síndromes compressivas ocorrem em locais pré-determinados. Na síndrome do desfiladeiro torácico, são:
-costela cervical
-mega-apófise do processo transverso de C7
-hipertrofia ou anomalia dos escalenos
-fratura ou pseudartrose da 1ª costela
-fratura ou pseudartrose da clavicula
-trombose ou embolia da artéria ou veia subclávia
-Doença de Scheuermann
Classificação
Wilbourn criou uma classificação simples e muito prática:
Vascular:
-arterial
-venosa
Neurológica:
-verdadeira
-espúrica ou duvidosa
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito com hérnias discais cervicais e com outras síndrome compressivas periféricas, como a síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel cubital e síndrome do canal de Guyon.
Tratamento:
Oclusões da artéria ou veia subclávia devem ser tratadas com urgência por um Cirurgião Vascular.
A síndrome do desfiladeiro torácico neurológica duvidosa tem como indicação de tratamento não operatório em 100% dos casos.
Nesta síndrome, os sintomas podem ser exuberantes, contudo, não há sinais desta compressão, como alterações motoras, hipotrofias musculares, perda de sudorese ou das digitais. Os exames são obrigatoriamente negativos para compressões nervosas.
O tratamento consiste em:
-calor local (região cervical, ao redor da clavícula e ombro)
-correção postural, principalmente em pacientes com ombros “protusos” e com aumento da cifose torácica.
-uso de anti-inflamatórios e relaxantes musculares
-fortalecimento muscular
A síndrome do desfiladeiro torácica neurológica verdadeira é caracterizada por alterações nervosas que podem ser comprovadas pelo exame físico e exames complementares. Identificar o local de compressão é fundamental para que se realize o tratamento correto.
Pode-se tentar o alongamento dos escalenos, mas, há grande chance de se necessitar de liberação muscular cirúrgica.
Costelas cervicais, pseudartroses da clavícula ou da 1ª costela geralmente necessitam de tratamento cirúrgico com ostectomia ou osteotomia.
A Doença de Scheuermann deve ser avaliada e tratada por um especialista em Cirurgia de Coluna.
Deve-se recordar ainda a teoria de Upton e McComas (1973) de que as compressões possam ocorrer em um local proximal (como a Síndrome do Desfiladeiro Torácico) e em outro discal (como na síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel cubital e síndrome do canal de Guyon), chamada teoria da dupla compressão (Double Crush Syndrome).
A Síndrome do Desfiladeiro Torácico continua sendo um diagnóstico desafiador e tem, muitas vezes, um tratamento frustrante pela demora na resolução dos sintomas. Procure um Cirurgião da Mão habilitado para este tratamento.
Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio
Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia