O que são os nervos? Nervos são estruturas que levam informações do sistema nervoso central (cérebro e medula) para os músculos e glândulas, e levam informações da pele, pelos e unhas para o sistema nervoso central.
Há diversas informações que podem ser levadas da periferia para o sistema nervoso central: dor, tato, calor e frio, vibração e sensação de localização do membro no espaço e propriocepção.
Devido ao tônus muscular, informações são enviadas para a musculatura, mesmo durante o sono. Algumas fibras estão ativadas/contraídas, enquanto a maioria está relaxada. Já com a vontade de se fazer força com um músculo, a maioria das unidades contráteis são ativadas, enquanto algumas outras estão relaxadas.
Pode-se, também, enviar informações via sistema nervoso autonômico para que as glândulas sudoríparas ou sebáceas contraiam. Mas, essas informações reagem ao tempo ou emoções e são controladas pelo sistema nervo autônomo ou autonômico.
Os nervos podem ser machucados por diversos mecanismos: tração, compressão ou cortes.
Essas lesões foram classificadas por Seddon em:
- Neuropraxia: quando não há lesão anatômica do nervo, mas sua função está temporariamente ausente. Pode levar de 3-4 meses. Não se consegue avaliar a função do nervo e sua recuperação é pelo sinal de Tinel.
- Axoniotmese (dividida em 3 tipos por Sudderland): quando há lesão parcial do nervo axônio, endoneuro e perineuro. Acontecem, geralmente, por compressão ou tração. O sinal de Tinel pode ser usado para acompanhar a evolução da regeneração.
- Neurotmese: quando todo o nervo está lesado. Essa lesão precisa de reparo.
As compressões nervosas são neuropraxias, na maioria das vezes, e axoniotmeses.
O mecanismo de lesão nervosa pode acontecer por hipóxia (falta de oxigênio) temporária, levando à alteração do funcionamento das bombas iônicas intracelulares. Quando a compressão é liberada ou diminuída, há melhora completa dos sintomas rapidamente.
O outro mecanismo acontece com lesões mais crônicas. Há um aumento do volume do nervo (edema) após a hipóxia segmentar. Com isso, ocorre a proliferação de fibroblastos e fibrose, que dificultam a melhora dos sintomas de compressão.
As compressões ocorrem em locais pré-determinados e os sintomas e sinais cooperam para que o médico identifique o nervo comprimido.
Alguns fatores de risco podem estar relacionados: variações anatômicas, trauma, infecção, inflamação, doenças genéticas, alterações hormonais ou metabólicas (como o diabetes mellitus e hipotireoidismo), intoxicação, atividade física/hipertrofia muscular, alcoolismo e tabagismo.
A avaliação clínica deve contar com história minuciosa, exame físico observando os locais de compressão, sensibilidade e força motora. Algumas manobras especiais são utilizadas para todas as compressões, como o Sinal de Tinel e outras são específicas para cada compressão.
Exames complementares podem ser necessários. Radiografias, procurando alguma anomalia. Ultrassonografias mostram os locais onde possa haver algum “aperto”, inclusive com a possibilidade de exame dinâmico, observando o movimento e contração muscular. A ressonância magnética pode ser uma excelente aliada na identificação de alguns sítios de compressão, como na síndrome do desfiladeiro torácico.
A eletroneuromiografia é o melhor exame para se avaliar a função nervosa. Entretanto, é um exame desconfortável e deve ser solicitado quando for imprescindível. O médico que realiza esse exame é muito importante e deve estar em consonância com o que o solicita.
De todas as síndromes compressivas, a Síndrome do túnel do carpo é a mais comum!
Acontece na região do punho, com sintomas de parestesia (formigamento) dos dedos devido à compressão do nervo mediano entre os tendões flexores dos dedos, dentro do canal formado pelos ossos do carpo e ligamento transverso do carpo, na parte palmar.
A segunda compressão mais comum acontece no cotovelo, com o nervo ulnar. O sintoma mais comum é a dormência dos dedos anelar e mínimo, pior quando o cotovelo está dobrado.
Há outras compressões dos nervos mediano e ulnar, além de compressões do nervo radial, axial, plexo braquial e nos membros inferiores. Teremos a oportunidade de falar sobre cada uma delas em outros textos aqui no site.
Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio
Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia