O que causa a luxação patelar?
Devemos ter em mente que existem 2 tipos de pacientes que luxam a patela: aqueles que possuem fatores predisponetes para a luxação da patela, e aqueles que não tem fator predisponente. Para a patela luxar, o mecanismo clássico é o joelho em aproximadamente 30 graus de flexão, e um movimento em valgo do joelho, ou seja, o joelho se deslocando para a parte interna. Devido ao vetor de força proporcionado pelo quadríceps e tendão patelar, há uma tendência da patela se deslocar para a região lateral do joelho, podendo ocorrer a luxação. Após a primeira luxação, pode ocorrer dos estabilizadores mediais ficarem insuficientes, facilitando novos episódios. Pacientes com fatores predisponentes, podem luxar a patela com traumas leves, e possuem maior chance luxar novamente.
Quais são os fatores predisponentes?
Os fatores predisponentes são alterações da anatomia do joelho adquiridas congenitamente (através da genética do indivíduo). São eles: patela alta, morfo- logia anormal da patela, displasia troclear, ângulo Q aumentado com lateralização da tuberosidade da tíbia, joelho valgo, hipoplasia do músculo vasto medial oblíquo, hiperfrouxidão ligamentar, torção tibial externa.
Como é feito o diagnóstico?
São usados 3 elementos para o diagnóstico:
- A história do paciente, com os dados do momento da lesão e os sintomas relatados, conforme acima citados;
- O exame físico realizado por ortopedista com experiência em cirurgia do joelho. O exame clínico é fundamental. O exame sempre leva em comparação o outro joelho (não lesionado). Quando a patela luxa e não retorna ao seu lugar, é muito fácil o diagnóstico, pois é possível visualizar a deformidade causada;
- Exames de imagem: Radiografias, para descartar fraturas e avulsões ósseas. A Ressonância Magnética é um importante exame para avaliar lesões de cartilagem associadas e para determinar o local da lesão do ligamento patelofemoral medial, que é o principal agente para manter a patela na sua posição e não luxar para lateral.
Como é o tratamento?
Há quem defenda que sempre deve ser realizada a cirurgia para a reconstrução do Ligamento Patelofemoral Medial, porém a maioria dos cirurgiões e estudos defendem o tratamento sem cirurgia após a primeira luxação. Existem duas situações que o tratamento deve ser cirúrgico logo após a primeira luxação: quando há um destacamento ósseo que possa ser fixado ou removido; e quando a patela após recolocada na sua posição, se mantém deslocada parcialmente.
Quando não estamos diante destas 2 situações, realizamos o tratamento sem cirurgia, com a imobilização do joelho por 4 semanas, permitindo apoio do membro lesionado com auxílio de muletas. Após este período, fisioterapia para ganho de força e treino proprioceptivo. Geralmente o paciente é liberado para atividade esportiva após aproximadamente 2 meses da lesão.
No caso de luxações repetidas, partimos para o tratamento cirúrgico, com reconstrução do Ligamento Patelofemoral Medial “release” lateral nos casos de tensão da retinácula lateral, e medialização e/ou distalização da tuberosidade anterior da tíbia no caso de valgo acentuado (avaliado pelo TA-GT) ou patela alta. Em alguns casos de alteração anatômica exuberante da tróclea femoral, é necessária a trocleoplastia.
Após a cirurgia o joelho permanece imobilizado, sendo manipulado passivamente na fisioterapia por 1 mês. Após este período intensifica-se o fortalecimento e treino proprioceptivo, retornando a atividades esportivas após o terceiro mês da cirurgia.