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Fratura: como o osso se regenera?

Postado em: 22-05-2024

Você sabia que, aproximadamente, em até duas semanas, o calo formado por tecido fibroso e cartilaginoso consegue unir as extremidades da fratura com a parte intacta do osso? Os ossos apresentam uma grande capacidade de cicatrização. 

Depois de quebrá-los, seja acidentalmente ou durante um tratamento cirúrgico, eles são capazes de regenerar-se e reparar o dano sofrido. Esse processo, que aparentemente é simples, na realidade envolve diversas células e mediadores químicos.

O osso é um tecido vivo que está constantemente se modificando e para que ocorra a cicatrização de uma lesão, é essencial que sejam formadas novas células capazes de ligar uma extremidade à outra.

Etapas da regeneração dos ossos 

Após acontecer uma fratura, forma-se um coágulo nas extremidades dos ossos lesionados em virtude do rompimento de vasos sanguíneos presentes no interior dessas estruturas e da liberação de sangue. Esse coágulo logo é invadido por capilares e fibroblastos, que o transformam em uma massa dura bem semelhante a uma cartilagem.

Essa estrutura é chamada de calo temporário e não é formada por ossos, então não é visualizada em exames com raio X. Na primeira fase, também é observada a presença de osteoclastos, que atuam retirando parte dos ossos quebrados e outros fragmentos.

No calo temporário ocorre uma grande proliferação de células osteogênicas, ou seja, que são capazes de formar os ossos. Os osteoblastos formam então o chamado calo ósseo, que gradativamente vai surgindo em substituição ao calo temporário. 

Esse novo calo é capaz de evitar que o local da fratura seja movimentado, porém ainda não apresenta a resistência comum de um osso.

Progressivamente esse calo ósseo vai sendo substituído por um osso compacto, processo que pode durar até mesmo um ano, a depender do paciente. Essa substituição pode gerar um excesso de osso no local da fratura, porém logo esse excesso é reabsorvido. Esse processo é chamado de remodelação.

A cicatrização de um osso depende de vários fatores, tais como o tipo do osso fraturado, local onde ele foi lesionado, além, é claro, da idade do paciente. Além desses fatores, a cicatrização perfeita ocorrerá apenas se houver a aproximação precisa das extremidades do osso que sofreu a lesão.

A aproximação das extremidades de uma fratura deve ser feita por um médico, pois só assim serão evitadas complicações mais sérias. Na maioria das vezes, além da aproximação, é necessário o uso de talas e outros materiais para manter o osso perfeitamente alinhado e imobilizado.

Quanto tempo leva para regenerar os ossos?

Os ossos geralmente levam de seis a 12 semanas para se regenerarem em um grau significativo. Já, os ossos das crianças se regeneram mais rapidamente que os dos adultos. O cirurgião do pé e tornozelo irá determinar quando o paciente está pronto para suportar o peso na área.

Isso dependerá da localização e gravidade da fratura de cada paciente, e do tipo de procedimento cirúrgico realizado e de outras considerações.

O que pode ajudar a regenerar os ossos?

Algumas etapas podem ser tomadas no pré e pós-operatório para ajudar a otimizar a cicatrização, por exemplo, o cirurgião pode oferecer conselhos sobre dieta e suplementos nutricionais que são essenciais para o crescimento ósseo. 

Parar de fumar e controle adequado dos níveis de açúcar no sangue em pessoas que vivem com diabetes são importantes, uma vez que o tabagismo e os altos níveis de glicose interferem na cicatrização óssea. 

Para todos os pacientes com ossos fraturados, a imobilização é uma parte crítica do tratamento porque qualquer movimento de fragmentos ósseos retarda o processo inicial de cicatrização.

Dependendo do tipo de fratura ou procedimento cirúrgico, o cirurgião pode usar alguma forma de fixação como parafusos, placas ou fios no osso fraturado ou um molde para impedir que o osso se mova. 

Durante o período de imobilização, a descarga de peso é restrita conforme instruído pelo cirurgião. 

Uma vez que o osso esteja adequadamente curado, a fisioterapia freqüentemente desempenha um papel fundamental na reabilitação. Um programa de exercícios projetado para o paciente pode ajudar a recuperar a força e o equilíbrio e pode auxiliar no retorno às atividades normais.

Fisioterapia para regenerar os ossos 

A fisioterapia também é importante nesse processo. Isso porque ela:

  • Fortalece a musculatura da região, que fica mais fragilizada durante esse período;
  • Ajuda a reabilitar as articulações e a capacidade funcional dos membros acometidos; 
  • Se a fratura ocorreu nas pernas ou nos pés, treina a marcha para restabelecer a locomoção. 

O que pode atrapalhar na cicatrização dos ossos?

Alguns fatores podem retardar o processo de regeneração, que são:

  • Levantamento de peso cedo demais;
  • Fumar, que contrai os vasos sanguíneos e diminui a circulação;
  • Condições médicas, como diabetes, problemas relacionados a hormônios ou doenças vasculares;
  • Alguns medicamentos, como corticosteróides e outros imunossupressores;
  • Fraturas que são graves, complicadas ou infectadas;
  • Idade avançada;
  • Má nutrição ou metabolismo prejudicado;
  • Baixos níveis de cálcio e vitamina D.

Como tratar a regeneração lenta dos ossos? 

Se o osso não está cicatrizando tão bem quanto esperado ou não cicatriza, o cirurgião ortopedista pode escolher entre uma variedade de opções de tratamento para aumentar o crescimento ósseo, como imobilização continuada por um longo período, estimulação óssea ou cirurgia com enxerto ósseo ou uso de proteínas de crescimento ósseo.

O que acontece quando o osso não se regenera?

A pseudartrose é mais comum do que se imagina, podendo atingir pessoas de qualquer idade e condição física. Ela é, basicamente, a não consolidação do osso após uma fratura. Os tratamentos apresentam altos índices de sucesso entre os pacientes.

A pseudartrose se caracteriza, basicamente, pela não consolidação óssea após uma fratura. Em outras palavras, é uma falha no processo de regeneração do osso fraturado.

Após uma fratura, o osso leva, em geral, entre quatro e seis meses para cicatrizar e se consolidar, independentemente do tipo de tratamento aplicado – com ou sem cirurgia.

Durante esse tempo, uma série de processos ocorre para ‘reconstruir’ a área afetada, incluindo a formação de um calo ósseo, que vai servir para unir as extremidades da fratura, e a regeneração dos vasos sanguíneos que irrigam a região.

Em alguns casos, esses processos não ocorrem da maneira correta e a fratura não se consolida, ocorrendo a pseudartrose. 

Ligamentos e os tendões 

Você sabia que eles também podem se romper ou lesionar em uma pancada ou torção?

Os ligamentos unem osso com osso. São parecidos com os tendões na sua composição. A regeneração envolve a formação de novas fibras e suas rupturas podem levar a cirurgia. Já, os tendões conectam os músculos aos ossos. Ao ser danificados, passam por uma inflamação e remodelação. Às vezes, é preciso reconstruí-los via cirurgia. 

Se você tem problemas nos ossos, agende uma consulta com um dos especialistas do Instituto Salute.

Artigo escrito pelo Dr. Luiz Gabriel Betoni Guglielmetti

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