Síndrome do piriforme: o que é e como tratar?
Postado em: 17-08-2021
Poucas pessoas conhecem a síndrome do piriforme. Isso porque essa é uma condição rara, em que o paciente apresenta o nervo ciático passando por dentro das fibras do músculo piriforme que se localiza na nádega, região do quadril.
Sendo assim, o nervo ciático acaba ficando inflamado, devido ao fato de ser constantemente pressionado.
Uma vez que a pessoa é diagnosticada com a síndrome do piriforme, ela pode sentir dor intensa na perna direita, porque este geralmente é o lado mais afetado, além de dor na nádega, dormência e sensação de queimação.
E para confirmar a existência da doença, o especialista em quadril realiza alguns testes, assim é possível também descartar outras condições e verificar a gravidade, a fim de indicar o tratamento mais adequado.
Causas da síndrome do piriforme
A grande responsável pelo aparecimento dos sintomas da síndrome do piriforme é a alteração anatômica que citamos acima, quando o nervo ciático passa por dentro do piriforme e é comprimido por este músculo, levando a um quadro doloroso, com irradiação para região lateral da coxa.
Contudo, esta variação anatômica não é muito comum, e normalmente, estes sintomas também são desencadeados por uma contratura do piriforme, fazendo com que seja confundido com a dor glútea profunda.
Dentre os hábitos que aumentam o risco de incidência da síndrome do piriforme, ficar sentado por tempo prolongado e praticar exercícios para os glúteos de forma exacerbada são os mais comuns.
Sintomas da síndrome do piriforme
A síndrome do piriforme pode apresentar alguns sinais característicos, como:
- Dor intensa (como se fosse uma “pontada” ou “facada”) na região lateral e posterior da coxa, além da região glútea;
- Dor que piora ao permanecer sentado ou ao cruzar as pernas;
- Aumento da dor ao realizar exercícios que geram sobrecarga a este músculo;
- Quando a dor se torna mais aguda, o paciente pode mancar durante a marcha;
- Sensação de dormência na nádega ou na perna, principalmente do lado direito;
- Fraqueza da perna e sensação de formigamento.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da síndrome do piriforme é baseado em exames clínicos, a fim de identificar os sintomas e outros testes específicos, para diferenciar da dor glútea profunda ou disfunções lombares com irradiação para membros inferiores (lombociatalgia).
Outros exames de imagens complementares, como raio-X, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância nuclear magnética (RNM) da coluna podem ser feitos para excluir a possibilidade de os sintomas apresentarem origem vertebral/radiculopatia ou de alterações importantes de tecido mole e ósseo.
Abaixo listamos os principais testes realizados para diagnosticar a síndrome do piriforme. Veja quais são eles:
- Teste de Freiberg: para realizá-lo, a pessoa é colocada deitada, de barriga para baixo e com os joelhos flexionados. O médico ou fisioterapeuta realiza a rotação interna do quadril para verificar se há dor. Se houver, o teste é dito positivo para síndrome do piriforme;
- Teste FAIR: também conhecido como teste combinado de flexão, adução e rotação interna, consiste em colocar a pessoa deitada de lado e realizar o movimento de flexão da perna (90º), adução e rotação interna. Durante o teste, caso exista dor ao realizar qualquer movimento, o teste é dito como positivo para síndrome do piriforme;
- Teste de Lasègue: o indivíduo é colocado deitado de barriga para cima e é realizada uma flexão do quadril até 70º com o objetivo de promover alongamento sobre os ramos nervosos que formam o nervo ciático. Caso haja dor, o teste é dito positivo para síndrome do piriforme ou hérnia de disco, sendo necessário realizar outros testes para confirmação;
- Teste de Beatty: o paciente é colocado de lado e o especialista movimenta a perna da pessoa como se fosse cruzá-la, se houve dor, o teste é dito positivo para síndrome do piriforme;
- Teste de Pace: ele é realizado com a pessoa sentada e é solicitado que ela realize o movimento de abdução, que consiste em afastar os joelhos. Caso seja sentida dor nos glúteos, o teste é tido como positivo.
Tratamento da síndrome do piriforme
Na maioria dos casos, o tratamento da síndrome do piriforme apresenta bons resultados com a fisioterapia. Por meio de técnicas de relaxamento muscular e liberação miofascial do piriforme, é possível aliviar a dor.
A cirurgia só é indicada em casos mais graves e raros, quando a dor é incapacitante e não reduz com o tratamento fisioterapêutico de médio a longo prazo.
Algumas recomendações do ortopedista especialista em quadril para viver sem dor são:
- Realizar atividades físicas ajustando a carga imposta ao piriforme para que não ocorra aumento dos sintomas;
- Fortalecer a musculatura do quadril;
- Manter o seu peso corporal adequado, com alimentação saudável e equilibrada;
- Procurar um profissional da área ao primeiro sinal de dor ou desconforto.
Síndrome do piriforme na gestação
É comum, durante a gestação, que haja uma compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme, especialmente, em virtude do posicionamento das pernas, da sobrecarga gerada pelo bebê e pela alteração hormonal sistêmica que leva a alterações em tecidos moles, como ligamentos e músculos.
As gestantes que são diagnosticadas com essa síndrome costumam sentir bastante dor e o quadro tende a piorar à medida que a gestação avança.
Para evitar que a dor se torne incapacitante, a gestante deve investir no alongamento diário do músculo piriforme.
Artigo escrito pelo Dr. Rodrigo Pereira Guimarães
Médico Ortopedista especialista em Quadril pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.