Em 1910, Preiser descreveu a necrose avascular do osso escafóide, que ficou conhecida como Doença de Preiser. Coincidentemente, no mesmo ano, Kienböck descreveu a necrose avascular do osso semilunar, que recebe o nome de Doença de Kienböck.
A doença de Preiser é muito rara. Tão incomum que não há dados confiáveis quanto à epidemiologia. Não se sabe em qual sexo, idade ou profissão é mais prevalente.
Uso crônico de corticóide para tratamento de doenças auto-imunes, tabagismo, etilismo e traumas prévios podem ser fatores de risco para a Doença de Preiser, que não tem etiologia (causa) nem fisiopatologia (mecanismo) definidos. Pacientes com infiltração local de corticóide para tratamento de Moléstia/ Doença de De Quervain podem ter desenvolvido necrose avascular do escafóide (ou o diagnóstico inicial de De Quervain pode ter mascarado a Doença de Preiser).
Os sintomas iniciais são dor no punho, principalmente do lado radial (lado do polegar), tanto na região dorsal quanto na região palmar. Há aumento de volume local e perda de mobilidade do punho.
A classificação mais aceita para Doença de Preiser é a de Herbert e Lanzetta, realizada apenas em 1994, baseada na classificação de Litchman para Doença de Kienböck.
Grau I: sem alterações radiográficas, com alteração de sinal na Ressonância Magnética.
Grau II: aumento da densidade radiográfica do escafóide
Grau III: fragmentação do escafóide, pólo proximal
Grau IV: Colapso do carpo/ artrose
Nos graus iniciais está preconizado o tratamento conservador ou realização de enxerto ósseo vascularizado. O objetivo é “revascularizar o escafóide”. Há trabalhos que indicam osteotomia de fechamento do rádio, com o mesmo objetivo da osteotomia de encurtamento para tratamento da Doença de Kienböck.
O retalho ósseo de Zaidenberg (baseado na artéria inter reticular 1,2) e o retalho ósseo de Mathoulin são boas opções e a experiência do cirurgião e local da cicatriz devem ser levados em consideração.
A osteotomia de fechamento do rádio pode ser fixada com fios de Kirschner, parafusos ou placas e parafusos.
No grau IV, apenas os procedimentos de salvação, como a ressecção do escafóide e artrodeses parciais do carpo (artrodese 4 cantos, artrodese de atlas), ressecção da fileira proximal do carpo e artrodese total do punho estão indicados.
Novamente, pela raridade da doença, não há trabalhos que afirmam com boa evidência estatística qual o melhor tratamento para cada grau. Sabe-se que o tratamento não operatório acaba observando a história natural da doença e que tem resultados ruins objetivos e subjetivos.
Portanto, apesar do pouco conhecimento que se tem sobre a doença, parece que as intervenções cirúrgicas têm uma chance maior de evoluir com resultados positivos do que o tratamento não operatório.
Artigo escrito pelo Dr. Diego Figueira Falcochio
Médico Ortopedista especialista em Cirurgia da Mão e Microcirurgia